
De 2011 para cá, a participação da empresa na capacidade instalada do País caiu de 36% para 31%
Negócios mal sucedidos e o constante uso político da Eletrobrás acabaram por minar as forças da estatal na expansão do setor elétrico brasileiro. De 2011 para cá, a participação da empresa na capacidade instalada do País caiu de 36% para 31%. Nesse período, a empresa contribuiu com apenas 15% do aumento da expansão do sistema elétrico, enquanto a iniciativa privada (e estatais estaduais) foi responsável por 85%. Para se ter ideia, quando ampliado esse período, entre 2002 e 2016, a Eletrobrás participou com 28% da expansão da geração. Os motivos para a perda de relevância no setor são variados. Historicamente, as controladas da Eletrobrás sempre tiveram vida independente da holding e não prestavam contas do que faziam. Cada uma tinha uma estratégia de investimentos, que nem sempre era rentável para o grupo. “As empresas participaram de inúmeros empreendimentos que, em vez de gerarem valor para o grupo, destruíram”, afirma o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales. Também contribuíram para a deterioração do caixa da estatal os constantes e bilionários prejuízos das distribuidoras – que agora serão privatizadas. Mas, segundo especialistas, a gota d’água foi a MP 579, que a ex-presidente Dilma Rousseff fez para renovar as concessões do setor. Criadas com objetivo de reduzir as tarifas de energia elétrica, as regras também abalaram o caixa das geradoras, em especial da Eletrobrás. “Ao mesmo tempo, a estatal estava comprometida com grandes investimentos, como as hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte (onde detinha 49% da participação)”, afirma o professor da UFRJ, Nivalde de Castro. Sem caixa e com compromissos elevados, a empresa foi obrigada a ficar longe dos leilões para arrumar a casa. Na outra ponta, a iniciativa privada aproveitou o espaço e ampliou a participação na geração de energia. Empresas como a italiana Enel, a franco-belga Engie, a Neoenergia e a CPFL avançaram no setor com uma série de parques eólicos e solares, além das grandes hidrelétricas e termoelétricas. “Faz tempo que o setor deixou de depender do investimento estatal. Hoje o mais importante é ter uma regulação eficiente e previsível capaz de atrair o capital privado”, afirma Sales. Com projetos menores e mais baratos comparados às mega hidrelétricas (Belo Monte, por exemplo, vai custar mais de R$ 30 bilhões), os parques eólicos e solares têm dado grande contribuição à expansão do sistema e elevado a participação de investidores estrangeiros.
Estadão
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