
Raquel Dodge
A procuradora-geral da República Raquel Dodge pediu ao ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que mande o Palácio do Planalto abrir os registros de entrada, em 2017, relativos a dois amigos do presidente Michel Temer, o coronel da PM reserva João Batista de Lima Filho e/ou José Yunes. Lima Filho é o dono da Argeplan Arquitetura, muito próximo de Temer há mais de 30 anos. Ele teria se encontrado duas vezes com o contador Florisvaldo Caetano de Oliveira, apontado como homem do grupo J&F responsável pelas entregas de dinheiro a políticos, segundo o próprio delator. De acordo com o colaborador, o primeiro encontro teve como objetivo conhecer o destinatário, chamado de “coronel”, e combinar a forma de entrega dos valores. No segundo encontro, por sua vez, Oliveira afirmar ter entregue R$ 1 milhão em espécie para Lima Filho. Yunes, advogado, foi assessor especial do presidente. Raquel também quer saber quantas vezes estiveram no Palácio os executivos Ricardo Mesquita e Celso Grecco, da empresa Rodrimar, e, ainda, Edgar Safdie, amigo do ex-deputado e ex-assessor especial de Temer, Rodrigo Rocha Loures, o ‘homem da mala’ – em abril, ele foi filmado pela Polícia Federal carregando uma mala preta com 10 mil notas de R$ 50, somando R$ 500 mil em propina viva da JBS. No mesmo ofício a Barroso, a procuradora pede autorização para tomar o depoimento do presidente e 60 dias para concluir as investigações relativas ao Decreto dos Portos – ato que teria beneficiado a Rodrimar. “Trata-se de inquérito instaurado para apurar fatos descobertos noâmbito de ação controlada e de interceptação telefônica, investigações conduzidas inicialmente no Inquérito nº 4.483, de relatoria do ministro Edson Fachin, contudo, desmembradas e distribuídas à relatoria de Vossa Excelência por não guardarem conexão com os fatos do primitivo inquérito”, destacou Raquel na petição ao ministro Barroso. Segundo ela, a Procuradoria ‘entendeu pela instauração de investigação para melhor elucidar os fatos, de maneira não apenas a confirmar a identidade das pessoas mencionadas, como também esclarecer se e em quais circunstâncias atuaram para repassar dinheiro ilícito aos agentes públicos Michel Miguel Elias Temer Lulia e Rodrigo Santos da Rocha Loures’.
Estadão
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